São três barramentos irregulares construídos com o incentivo de populares e políticos na região do município de Cândido Sales, um no povoado de Porto de Santa Cruz e dois na região que compreende a sede do município que é o primeiro do Estado da Bahia a receber as águas do Rio Pardo.

A justificativa das pessoas envolvidas na realização dos barramentos ilegais é sempre a morosidade das autoridades públicas e a “preocupação” com o Rio Pardo. No barramento do Porto de Santa Cruz, primeiro a ser construído, a justificativa apresentada foi a de que a interrupção do leito principal do rio deveria servir para o deleite dos banhistas que utilizam o local nos finais de semanas e no carnaval.

Já o segundo barramento que também foi construído com apoio e incentivo de autoridades locais, mas sem a autorização da Agência Nacional de Águas – ANA aconteceu na região onde a Empresa Baiana de Águas e Saneamento – Embasa faz a captação para abastecer o município de Cândido Sales.

Na justificativa do segundo barramento irregular, os envolvidos alegaram novamente a morosidade dos órgãos e instituições responsáveis no sentido de assegurar a captação a fio d´água pela Embasa, houve período em que, devido ao uso irracional do recurso pelos grandes irrigantes da região, o local onde a água é captada ficou seco.

Por estar relacionado ao abastecimento humano e à garantia de água na torneira dos candidosalenses o segundo barramento teve forte participação de populares incentivados por políticos locais e empresários. Em audiência pública a Embasa apresentou proposta de construção de barramentos entre os municípios de Cândido Sales, Encruzilhada e Itambé, a proposta não foi considerada pelos políticos locais que insistiram em fazer barramentos por conta própria.

O terceiro barramento irregular é o mais problemático, pois concentra todo o esgoto doméstico sem tratar que é despejado no Rio Pardo devido à inexistência de Saneamento Básico no município. Antes do barramento a água poluída de esgoto seguia naturalmente o curso do leito principal do rio, agora fica concentrado e as pessoas tem acesso para banho e retirada de areia.

A maior parte do esgoto represado vem dos bairros Lagoinha, de parte do centro da cidade e de parte do bairro Célio Alves. As águas de chuva e esgoto das Ruas Getúlio Vargas, Rua Castro Alves, Av. Juraci Magalhães, Trv. Oswaldo Cruz, Rua Rio Branco, Av. Presidente Costa e Silva, Rua Ana Nery e Rua Rio Pardo se encontram no afluente do Rio Pardo que forma desde a Lagoa indo na direção do leito principal.

O represamento desse dejeto sem o devido tratamento representa risco para a saúde pública dos candidosalenses, principalmente, para as pessoas que moram próximo e fazem uso da água do rio antes do tratamento feito pela Embasa. O barramento irregular neste caso, além de interromper o curso natural do rio, impactando em sua vazão ecológica se transformou em vetor de doenças ao segurar os dejetos. A prática de barramentos apresentada como uma das causas da asfixia do curso d´água, logo da sua morte, quando não são construídos com as devidas medidas e orientações técnicas impede a vazão ecológica da Bacia Hidrográfica e, em casos específico como esse do represamento do esgoto pode provocar ainda mais transtorno impactando negativamente na qualidade de vida da população.

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