Entre os dias 6 e 8 de setembro, aconteceu, na Comunidade Quilombola Lagoa de Melquíades e Amâncio, a Pré-Jornada de Agroecologia, que teve como tema “Agroecologia e Resgate dos Saberes Tradicionais para o Fortalecimento dos Quilombolas e Camponeses”. O evento foi organizado pelos moradores da comunidade, com destaque para o grupo de mulheres Crioulas do Quilombo em parceria com a Teia dos Povos. A comunidade recebeu grupo de diversas regiões como a cidade de Vitória da Conquista, Sul da Bahia, São Paulo e Minas Gerais.
Durante a pré jornada, foram realizadas diversas atividades, com destaque para as rodas de conversa que abordaram temas variados. A roda sobre Bio-construção foi mediada por Leandro de Barro da Teia dos povos, enquanto a discussão sobre Agroecologia contou com a participação de Tiago França, líder quilombola local e técnico em Agroecologia. A professora Patrícia Krepsky, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), conduziu o diálogo sobre Pancs e Ervas Medicinais e a roda de conversa sobre Educação Quilombola e Saberes Ancestrais foi mediada por Tiago França
O tema das Sementes Crioulas foi abordado em uma roda de conversa mediada por Mirian Silva, bióloga e assessora do CEAS (Centro de Estudos e Ação Social), que apresentou sua dissertação de mestrado em Ciências Ambientais pela Universidade Estadual da Bahia, pesquisa desenvolvida por dois anos na comunidade. Na devolutiva do estudo ocorreu a distribuição de mudas de interesse para os moradores locais e o plantio de parte delas. Em parceria com a professora Patrícia Krepsky, foi proposta a aplicação de práticas agroflorestais, que resultaram no início da construção de uma praça na comunidade.
O encontro foi marcado pelo trabalho coletivo, durante a jornada grupos se dividiram para otimizar o plantio das mudas e mulheres se voluntariaram para cuidar da cozinha. De maneira organizada, elas prepararam refeições de excelente qualidade, baseadas nos saberes agroecológicos e garantiram o bom funcionamento da atividade. Destaca-se também as falas compartilhadas pelos moradores de Lagoa do Melquíades e Amâncio, especialmente os mais velhos, que trouxeram memórias e ensinamentos valiosos para quem estava presente, sobretudo para as novas gerações.
Ademais, ocorreram oficinas que mostraram tradições quilombolas da comunidade, como a oficina de trança afro, conduzida por Jamile Oliveira e a roda de capoeira, mediada por Tiago França. À noite, diversas manifestações culturais locais foram apresentadas, incluindo o desfile do grupo de mulheres e crianças do quilombo, samba de roda, roda de capoeira, cantigas tradicionais, reisados da própria comunidade e do Quilombo de Cachoeira, além da apresentação do grupo de quadrilha junina Melquíades, se encerrando com um forró pé de serra.
Por Mirian Silva
Equipe rural do CEAS
Excelente matéria! A agricultura familiar é muito importante, por meio dela se tem o cultivo e a preservação, e sustentabilidade dos sistemas naturais. Essa comunidade retrata a riqueza de uma cultura que merece ser preservada em nosso país.