Na última quarta (21), estivemos na Vila Corina, comunidade do município de Encruzilhada, no sudoeste do estado, para mais um mutirão de cercamento de nascente. Além de moradores da região, a atividade também  mobilizou a comunidade de Piabas, Água Preta e contou com a presença de parceiros da Heks e da CESE (Coordenadoria Ecumênica de Serviço).

Os cercamentos de nascentes são uma importante iniciativa de preservação do meio ambiente e sobrevivência das famílias do entorno, que dependem da água para viver e produzir alimentos, além de ser uma ação concreta de defesa territorial dos bens comuns. “Quando se cerca uma nascente, a natureza também ganha porque, ao invés de cortar árvores, nascem árvores, tanto naturalmente quanto aquelas que a gente tem o objetivo de plantar na região”, explica Edilene Alves, assessora da Equipe Rural do CEAS. “A partir do momento que você cerca para os animais não pisarem, para as pessoas não desmatarem, o volume dessa água vai aumentar e com o tempo a gente percebe essa diferença na região porque a nascente estará preservada”, completa.

A nascente cercada pelo grupo atualmente abastece oito famílias da área, parte delas cadastradas no PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar) para fornecimento de alimentos para a merenda escolar. Edilene destaca que, além desses beneficiários diretos, a água chega a muitas outras comunidades, o que mostra a importância do cercamento para toda a região.

“Além de abastecer oito famílias que são beneficiárias diretas das nascentes, essa água desce como uma veia que encontra o rio Mumbuca, que passa em Vila do Café – onde várias famílias são beneficiadas por essa água – e ela vai descer pra o município de Ribeirão do Lago e deságua no Rio Pardo. Então preservar a água é preservar a vida de toda uma população que está em volta. A nascente de uma comunidade tem uma potência imensa”, ressalta.

Organização popular fortalece comunidade

A atividade também contou com a presença de Sabina Schmid, representante da Heks Suíça, Vicente Puhl, da Heks Brasil, e Olga Matos, representante da CESE, que são parceiros estratégicos do CEAS e também puderam conhecer de perto o trabalho na região. O cercamento é parte de um processo de formação e organização dos moradores de Vila Corina, que desde o ano passado têm participado de diversas iniciativas junto ao CEAS, como o Intercâmbio de Jovens da Bacia do Rio Pardo e ações de georreferenciamento de nascentes, e formaram uma associação de pequenos produtores. O processo organizativo da comunidade também tem sido potencializado a partir do PNAE, que hoje envolve mais de 25 produtores que abastecem três escolas estaduais do município de Encruzilhada, uma escola estadual na sede do município de Ribeirão do Largo e outra no distrito Nova Brasília. 

Após o cercamento, os participantes organizaram um almoço coletivo e fizeram uma roda de conversa sobre a defesa das águas no rio Mumbuca e a articulação do Rio Pardo. “A roda de conversa partiu do chão do que a associação tem realizado. Foi um momento muito rico que resgatou a história do PNAE e da importância da defesa das águas, além de pensar nos próximos passos de fortalecimento da associação”, explica Maicon Leopoldino, secretário-executivo do CEAS e também membro da equipe rural.

A Articulação do Rio Pardo é uma iniciativa que reúne organizações e comunidades da Bahia e Minas Gerais que compõem a Bacia Hidrográfica do Rio Pardo e que, de forma articulada, fortalecem os debates e ações em torno da defesa das águas do rio e das comunidades que dependem dele. 

CEAS – Comunicação

2 respostas

  1. Trabalho MARAVILHOSO. Parabéns ao CEAS e a Comunidade da Vila Corina e muito obrigado pela recepção.
    Abraços desde Brasília.
    Vicente Puhl – HEKS

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *